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Quinze séculos haviam decorrido sem que eu pudesse imolar-me por amor do Cordeiro Divino, como o fizera, um dia, em Roma, a companheira do coração (Referência a Lívia, esposa do senador Públio Lentulus, cuja vida de devotamento e abnegação Emmanuel descreve em “Há Dois Mil Anos”).
Vi a floresta a perder-se de vista o patrimônio extenso entregue ao desperdício, exigindo o retorno à humanidade civilizada e, entendendo as dificuldades do silvícola relegado à própria sorte, nos azares e aventuras da terra dadivosa que parecia sem fim, aceitei a sotaina, de novo, e por Padre Nóbrega conheci, de perto, as angústias dos simples e as aflições dos degredados. Intentava o sacrifício pessoal para esquecer o fastígio mundano e o desencanto de mim mesmo, todavia, quis o Senhor que, desde então, o serviço americano e, muito particularmente, o serviço ao Brasil não me saísse do coração.
A tarefa evangelizadora continua. A permuta de nomes não importa.
Cremos no Reino Divino e pugnamos pela ordem cristã. Desde que reconheçamos a governança e a tutela do Cristo, o nome de quem ensina ou de quem faz não altera o programa. Vale, acima de tudo, a execução...”
( Mensagem de Emmanuel,
psicografada por Chico Xavier em 12/01/1949 )
psicografada por Chico Xavier em 12/01/1949 )
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Como vemos, antes de reencarnar-se na obscuridade de Sanfins, em Entre-Douro-e-Minho, a 18 de outubro de 1517, quando ainda reinava em Portugal Dom Miguel, o Venturoso, aquele que iria chamar-se Padre Nóbrega visitou, em espírito, o Brasil recém-descoberto, contemplou as florestas extensas, teve a visão do futuro, apiedou-se dos indígenas infortunados e amou a Terra de Santa Cruz que Cabral descobrira...
Em terras de Portugal e Espanha, tão logo reingressa na carne, prepara-se para a grande missão que Deus lhe reservara. Estudou na Universidade de Salamanca, bacharelou-se em cânones na de Coimbra. Ingressando na Companhia de Jesus em 1544, cinco anos depois, designado por Dom João III, vem com Tomé de Souza ao Brasil. Aqui viveu vinte e um anos de dedicações silenciosas e ingentes sacrifícios, evangelizando os silvícolas, ajudando os governadores, pacificando almas, educando e servindo, apostolando e sofrendo. Colaborou grandemente na fundação de Salvador e do Rio de Janeiro. Fundou São Paulo em 1554. Foi conselheiro dos governantes e protetor dos humildes, pai carinhoso dos curumins e enfermeiro dos abandonados, foi professor, pregador, médico, mentor esclarecido, político honesto, servidor de todos.
“Primeiro Apóstolo do Brasil”, na expressão feliz de Simão de Vasconcelos, foi o nosso grande Manuel da Nóbrega, esse “inesquecível e tão ingratamente esquecido Manuel da Nóbrega”, na palavra igualmente justa do nosso grande historiador Capistrano de Abreu.
“Bom jurista, administrador de energia e clarividência, e homem de Deus" – assim o conceitua Serafim Leite.
Ao completar 53 anos, no dia 18 de outubro de 1570, prematuramente envelhecido, marcado por enfermidades e sofrimentos sem conta, desencarna o grande Nóbrega no Colégio do Rio de Janeiro, no antigo Morro do Castelo.
Clóvis Tavares
( Livro: “Amor e Sabedoria de Emmanuel” )
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