A Escola Jesus Cristo é uma instituição espírita fundada por Clóvis Tavares, sob inspiração espiritual de Nina Arueira, em 27/10/1935. Inicialmente denominava-se Escola Infantil Jesus Cristo, pois destinava-se a evangelização de crianças sob a luz da doutrina espírita, funcionando em pequena sala da casinha de D. Didi (mãe de Nina Arueira) aos domingos pela manhã, na antiga rua do Mafra; com a frequência de jovens e adultos, as aulas esclarecedoras do jovem Clóvis, a instituição perdeu o adjetivo, passando a denominar-se Escola Jesus Cristo - Instituição Espírita de Cultura e Caridade. O aumento do número de seus frequentadores levou a necessidade de mudar de local e, em 27 de outubro de 1939, no seu quarto aniversário, passa a funcionar em sua sede própria, adquirida pelo seu fundador com auxílio de amigos, na rua dos Goitacazes, 177 – Lapa, Campos dos Goytacazes/RJ. Atualmente, a instituição, funciona diariamente, com serviços de auxílio ao próximo e de aulas e pregações evangélicas e doutrinárias, descritos abaixo, em postagem do dia 30/08/2010.

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24 de dezembro de 2010

Um Pouco Sobre a Médium Yvonne Pereira

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Yvonne do Amaral Pereira nasceu em 24 de dezembro de 1900, no distrito de Santa Teresa de Valença, Rio das Flores-RJ e faleceu em 09 de março de 1984, na cidade do Rio de Janeiro-RJ.
            Foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras, autora de romances psicografados bastante conhecidos entre os espíritas. Dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático.
            Recém-nascida, com apenas 29 dias, teve um acesso de tosse que a sufocou, deixando-a em estado de catalepsia, em que se manteve por seis horas. Dada como morta pelo médico da localidade, foi preparada para o enterro e, momentos depois, o bebê acordou chorando. Yvonne cresceu numa família espírita. Era comum a família abrigar pessoas necessitadas, vivências que, segundo Yvone, marcariam sua vida para sempre.
            Com quatro anos de idade, a menina já dizia ver e ouvir espíritos, os quais, segundo ela, considerava como pessoas normais. Dois dos amigos invisíveis apareciam com mais freqüência: Charles, a quem ela considerava seu verdadeiro pai, e Roberto de Canalejas, que teria sido um médico espanhol do século XIX. As visões lhe perturbavam, e vinham junto com uma imensa saudade do que seria uma encarnação anterior, na Espanha.
            Aos oito anos de idade, a menina viveu novo episódio de catalepsia. Certa noite, durante o sono, percebeu-se diante de uma imagem do Senhor dos Passos pedindo socorro, pois sofria muito. A imagem, então, animando-se, dirigiu-lhe as palavras: "Vem comigo minha filha: será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam". A menina, aceitando a mão que lhe era estendida pela imagem, subiu os degraus do altar e não se lembrou de mais nada. Nessa idade teve o primeiro contato com um livro espírita. Posteriormente, aos doze anos, ganhou de presente do pai O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos. Aos treze anos de idade começou a freqüentar sessões práticas de Espiritismo.
            Yvonne teve como estudos apenas o antigo curso primário. Devido às dificuldades financeiras da família não conseguiu prosseguir nos estudos. Para auxiliar a família, e o próprio sustento, dedicou-se à costura e ao bordado.
            Na adolescência a mediunidade já tornará-se um fenômeno comum para Yvonne, que dizia receber a maior parte dos informes de além-túmulo, crônicas e contos em desdobramento, no momento do sono. A sua faculdade apresentava-se diversificada, tendo se dedicado à psicografia e ao receituário homeopático, à incorporação, à psicofonia e ao passe, e até mesmo, em algumas ocasiões, aos chamados efeitos físicos de materialização. Dedicou-se à atividade de desobsessão. Atuou em casas espíritas nas cidades de Lavras (MG), Barra do Piraí (RJ), Juiz de Fora (MG), Pedro Leopoldo (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde residiu. Foi grande amiga de Chico Xavier e Clóvis Tavares.
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14 de dezembro de 2010

Sílvio Navega - Presidente e Grande Amigo da Escola

            Sílvio Navega Dias nasceu no dia 14 de dezembro de 1912, em Santo Antônio de Pádua-RJ, e faleceu em 12 de julho de 1994, em Campos dos Goytacazes-RJ. Foi Presidente e Vice-presidente por diversos anos de nossa Escola. Um ser humano extremamente afetuoso, dedicado, fiel e sincero. Verdadeiro Amigo de seus amigos. Abaixo colocamos um trecho de sua entrevista realizada em 11/09/1993 (meses antes de sua desencarnação) por Rubens Fernandes Carneiro e Flávio Mussa Tavares.
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1 - Como que se tornou espírita?
            Era católico, cheguei a ser sacristão. Depois com a luta, com o sofrimento, fui me decepcionando com Deus. Chamei o padre e disse que não era possível Deus ser tão bom como eu cria que era e as pessoas sofrerem tanto. Havia uma parcialidade, uma desigualdade de tratamento com seus filhos. O padre disse que eu estava de cabeça torta.
            Esse conflito se deu entre 15 e 20 anos. Saí de Santo Antônio de Pádua com 25 anos. Depois de 4 ou 5 anos, fui para Niterói e, convidado para participar de uma reunião espírita.
            Até 1942, frequentei só sessão espírita, nunca havia assistido  a palestras. Fui saber o que era Espiritismo estudado, em Campos.  Espiritismo até Clóvis Tavares, Espiritismo de Clóvis Tavares em diante.
            Quando vim para Campos, no primeiro ano, não frequentei nada. Comecei a namorar Clícia. Em 1943,  fiquei noivo, passei a freqüentar a Escola Jesus Cristo. Maria  Augusta (irmã de Clícia) já trabalhava com Clóvis. Em pouco tempo, conheci Clóvis, mas sempre meio distante dele. Eu sempre vi nele uma estrela de primeira grandeza. Sempre tive muito respeito à pessoa dele.

2 -  Quando começou a fazer parte da Diretoria?
            Não me lembro bem porque fui entrando à medida que fui me envolvendo. Em lugar onde frequento, não sei ficar parado, não sei ficar neutro.             Clícia me disse, um dia, que Clóvis sugeriu que eu fizesse parte da Diretoria.

3 - Sobre os trabalhadores da primeira hora, tem algum fato importante que tenha marcado o Senhor?
            Quando o prédio novo foi inaugurado, em 1957, foi o Centenário do Espiritismo e inauguramos aquela pedra que Clóvis chamou de  dólmen  em homenagem aos druidas. Fui buscar a pedra de 960 Kg, em Morro do Coco, com um caminhão velho, caindo aos pedaços. O caminhão desceu do morro às carreiras. O caminhão perdeu o freio, a pedra quase furou a cabine. Se não tivesse um tronco no caminho, o caminhão estava descendo até hoje. Um milagre!
            Outro milagre foi tirá-la do caminhão e colocá-la no lugar, em pé, com as mãos e à noite, e já no prumo! Aquilo foi Deus que ajudou. Foi um fato que me impressionou!
            Para a inauguração, lembro que a última coisa colocada foi o presente de Seu Octávio, aquele painel. Um grande companheiro. Sabia valorizar a riqueza e distribuir com utilidade. Deixou parte de seus rendimentos para a Escola que se beneficiou grandemente.

4 - Você se firmou na Escola pela direção de Clóvis?
            Eu me lembro de quando Peixotinho veio para Campos. Chegou a freqüentar o Grupo Emmanuel, mas Clóvis não quis que se implantasse sessão de materialização na Escola, pra evitar problemas. Clóvis enxergava longe. Tinha olhos de raio-X.
            Um dos fatos que me marcaram foi quando Clóvis fraturou o fêmur. Eu participei da vida dele por dentro. Carreguei ele no colo com João Amaral, para bater chapa. Eu chorava por dentro de ver a dor que ele sentia.
            Clóvis entrou na vida da gente de uma maneira!.... Eu fui parar na UTI por conta do discurso em comemoração do 9º aniversário de falecimento dele. Eu disparei a chorar e disparou tudo! Ele era a razão de ser do Espiritismo em Campos.

5 - Há influência da Escola Jesus Cristo em Macaé, Itaperuna, São Fidélis?
            Em Pádua, minha terra. A prática doutrinária se modificou assustadoramente. Quem fundou o Grupo Espírita de Pádua foi Mário Barros e Henrique Barros, amigos meus de infância, que beberam na Escola Jesus Cristo primitiva de Clóvis Tavares. Perguntei se estavam imitando a Escola, eles disseram que a estavam seguindo.

6 - Como era o entrelaçamento entre Chico Xavier com a Escola Jesus Cristo e Clóvis Tavares?
            Em uma das visitas de Chico Xavier a  Campos, ele esteve em minha casa de Atafona, no dia 19/01/1967. Eu não estava, só Clícia. No dia seguinte era aniversário de Clóvis e fui cumprimentá-lo e agradecer por ter levado Chico à minha casa.
            Quando cheguei à casa de Clóvis, ele veio até a porta e falou logo que não me deixaria entrar para ver Chico, porque não podia abrir precedente. Chico tinha vindo para descansar! Quando queria uma coisa, cortava qualquer assunto que pudesse desviar o que pretendia.
            Falei que não havia ido lá para ver Chico Xavier. Havia ido cumprimentá-lo e agradecer o que fez. Nesse momento, Chico aparece e diz: “Navega, meu amigo, você não esqueceu que você, pra mim, é um homem trabalhador!” Eu disse: “Agora, Clóvis, você não vai me proibir.” Ele ficou encabulado. Rui Ribeiro e outros  entraram e aproveitaram para abraçar Chico!

07 - Como vê a Escola Jesus Cristo hoje?
            Sob um aspecto, vejo  como vi no primeiro dia. A Escola, pra mim, é um pedaço do céu que Deus jogou lá de cima e caiu na Rua dos Goitacazes, 177.  A Escola é uma porta do céu!

08 - Como interpreta os versos de Casimiro Cunha: “ ...antes de entrar, meu irmão,/ Deixes, lá fora, as sandálias/ Com que adoraste a ilusão.”?
            É o cá e o lá. Cá fora, o mundo; lá dentro, a bênção de Deus.
            Nunca me pegam, na Escola, conversando antes dos atos religiosos. Sempre vou bater papo depois que termina o passe.

09 - Deixe uma mensagem para os freqüentadores da Escola.
            O que eu diria a todos é que a Escola é diferente de tudo que conheço em matéria de Espiritismo. Frequentar a Escola é encarar com seriedade. Ela é, vou repetir, um pedaço do céu. A gente, quando está lá, é como dizia o apóstolo Paulo: “Quem está em Cristo nova criatura é.”  Viver na Escola é viver em Cristo.

1 de dezembro de 2010

Benfeitores e Amigos de Dezembro

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02 - Nascimento de Frederico Figner (1866)
03 - Desencarnação de Odorico de Souza Gomes (1985)
04 - Desencarnação de Charles Richet (1935)
05 - Desencarnação de Humberto de Campos (1934)
05 - Fundação do Departamento Feminino da EJC (1936)
08 - Nascimento de Maria da Conceição Amorim [D. Maricota] (1900)
06 - Desencarnação de Monsenhor Severino (1943)
14 - Nascimento de Sílvio Navega Dias (1912)
14 - Nascimento de Gilda Duncan Tavares (1935)
15 - Nascimento de Lázaro Luiz Zamenhof (1859)
16 - Desencarnação de Manoel Quintão (1954)
16 - Desencarnação de Arly Gomes da Silva (2009)
17 - Nascimento de Maria Luiza Rebel Guimarães (1909)
18 - Nascimento de Rui Ribeiro dos Santos (1929)
20 - Nascimento de Eurico Barros (1911)
21 - Dia de São Tomé
24 - Nascimento de Yvone A. Pereira (1906)
24 - Desencarnação de Dr. Felipe Uebe (1943)
25 - Dia de Natal
26 - Desencarnação de Maria Zenith Pessanha (1972)
27 - Dia de São João Evangelista
27 - Nascimento de Maria da Penha Rocha [D. Cotinha] (1927)
29 - Nascimento de Eloy Jorge de Assis Cunha (1928)
29 - Desencarnação de Eurídice Lima de Azevedo (2004)
30 - Desencarnação de Virgínia Wangllin Franco (2002)
31 - Desencarnação de Dejanira Bastos de Souza (1942)

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"Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os Homens." (Lc. 2:14)

23 de novembro de 2010

Relembrando Amélie-Gabrielle Boudet

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Madame Rivail (Sra Allan Kardec) nasceu em Thiais, França, em 23 de novembro de 1795. Filha de Julien-Louis Boudet e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, de batismo, o nome de Amélie-Gabrielle Boudet. A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais. Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1a classe. Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a escrever três obras, assim nomeadas: “Contos Primaveris”, 1825; “Noções de Desenho”, 1826; “O Essencial em Belas Artes”, 1828.
            Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail. Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas era muito viva e entusiasmada. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.
            Trabalharam juntos pela educação na França, unindo esforços e sentimentos, em especial, em favor dos mais simples, aos quais ministravam cursos gratuitos. Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória. O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma.
            A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos. O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no Mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.
            Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão.
            Sem dúvida, os espíritas, muito devem a Amélie Boudet e estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: "os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem." O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna!
            Lançado "O Livro dos Espíritos", da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1o de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da “Revue Spirite”, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo. Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em Abril de 1858 Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. Mais uma obra de grave responsabilidade!
            Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício. Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam em a nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de idéias de que se teve notícia nos meados do século XIX.
            Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire. Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi a companheira amante e fiel do seu marido, e com seus atos e suas palavras sempre o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.
            Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.
            No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de Abril se realizou o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.
            Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo. Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.
            Se Madame Allan Kardec – conforme se lê em Revue Spirite de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranqüilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo. Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo.
            Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez der espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria.
            A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme. Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”.
(Fonte - http://www.espiritismo.org.br/)
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16 de novembro de 2010

Maria Zenith, Uma Serena Alma

MARIA ZENITH PESSANHA

(Uma pequena biografia)


            Maria Zenith Pessanha nasceu em 16 de novembro de l926.
“Para cá veio menina – 9 anos – receber, nas aulas, as luzes do Evangelho. Aqui permaneceu durante sua mocidade, como um dos elementos mais atuantes, multiplicando, na condição de professora e pregadora, os ensinamentos que recebeu.
            Na Escola Jesus Cristo, atravessou a maturidade de sua existência: assídua, fiel, incansável.”
            No Natal de l972, já debilitada pela doença, “assistiu à pregação da Escola, abraçou e visitou amigos queridos, como se intuísse a despedida próxima.”
            Desencarnou em 26 de dezembro de 1972, nesta cidade, deixando a todos, um exemplo de grandeza espiritual.
            Partiu como viveu: serenamente...
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            “A amizade nos desveste da circunspecção, nos desarma os temores, tranqüiliza preocupações.”
            “(...) a nossa vida deve ser toda ela um fluir instintivo em direção ao que escolhemos como MELHOR, em direção ao que satisfaz nossos mais elevados desejos de adquirir, de doar.”
            “Um dos caracteres da vida, da vida plena, consciente e útil é a RENOVAÇÃO. RENOVAÇÃO que, muito antes de nos ser ensinada através da palavra humana, DEUS vem apresentando em lições silenciosas, mas nítidas: em cada novo amanhecer, com o apagar das sombras noturnas e uma esperança de luz; na sucessão das estações; na morte da semente que renasce em árvore ajudadora; nas novas e constantes explosões de vida, vida vegetal, animal, humana, explosões que significam esperanças todo dia a surgir (...)”
            “Ao professor, não importa apenas, porém, a renovação de conhecimentos, mas de atitudes, de idéias, de hábitos e, sobretudo, de ÂNIMO! Para isso, ainda é totalmente necessária a presença do AMOR... Amor ao magistério, amor ao ideal abraçado, amor ao educando, à juventude que confia na experiência do mestre, amor à terra esperançosa em seus filhos, desejosa de vê-los crescer, criar, subir... Amor que gera ENTENDIMENTO, alarga a VISÃO, possibilita o AUXÍLIO recíproco e a SEMENTE DA FRATERNIDADE mais ampla, universal!”
            “(...) quem dá ao magistério FORÇA, ENTUSIASMO, AMOR, VIDA, numa CONSTANTE RENOVAÇÃO, há de sentir uma ALEGRIA bem íntima, difícil de definir... Esse trabalho de ENSINAR..., esse DIÁLOGO HONESTO, entre nós e o nosso aluno, aceitando a grave RESPONSABILIDADE de instruí-lo para a VIDA, essa crença no trabalho realizado com amor, crença nos frutos da educação e do entusiasmo, essa crença no jovem aluno e, sobretudo, a certeza de que DEUS NOS AJUDARÁ no cumprimento de nossa função, pode não constituir gloriosa epopéia, nem significar infinitas ascensões de santo, nem levar à extraordinária glória do artista, mas é ação direta e contínua da ALMA DO PROFESSOR JUNTO DA ALMA DE SEUS JOVENS ALUNOS, “é CANTIGA DE VERO AMIGO... é CANTAR DE VERO AMOR” (...)”

(Fragmentos do Discurso Proferido por Maria Zenith Pessanha em sua Formatura do Curso de Letras da Faculdade de Filosofia de Campos em 07/01/1967)
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14 de novembro de 2010

Um Pouco Sobre Professor Cícero Pereira

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            Recordamos hoje o nascimento do Professor Cícero Pereira,  grande amigo de Chico Xavier e de Clóvis Tavares, e que dá, nome a nossa Livraria. Abaixo, uma bela história , relatada pelo Professor Clóvis, no livro "Trinta Anos com Chico Xavier", a qual retrata a grandeza espiritual dessa alma missionária.
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Meu dileto e inesquecível amigo, Professor Cícero Pereira, que tive a ventura de reencontrar em minha atual peregrinação terrena por ocasião de minha viagem às  Alterosas, foi uma das almas mais belas que tenho conhecido. Era impressionante sua humildade, comovente a exemplaridade de sua vida consagrada aos sofredores, em nome do Cristo que ele tanto amou...
                Esse valoroso paladino do Espiritismo desencarnou em Belo Horizonte no dia 04 de novembro de 1948, dês dias antes de seu 67º aniversário, após longos meses de cruéis padecimentos, suportados com aquela resignação e fortaleza de fé que eram apanágios de seu grande coração.
                Chico me contou que o Professor Cícero, na sua pobreza e devotamento ao próximo, muitas vezes não possuía um tostão para a passagem de bonde, quando saía de seu lar, na Rua Bonfim, para atender a um doente ou sofredor num bairro distante da capital mineira. Esquecendo sua avançada idade, lá ia ele a pé, até os subúrbios distantes, superando estoicamente quilômetros e fadigas...
                Chico o viu, após sua desencarnação, quando lhe endereçava ao Espírito amigo suas vibrações de carinho, rogando a bênção divina para seu coração de apóstolo. O Professor lhe apareceu, nimbado de fulgurantes luzes, feliz e sorridente, a agradecer-lhe os pensamentos de amor.
                Tão intensa era a luminosidade de sua alma na radiosa aparição, que Chico só pode exclamar, num misto de comoção e alegria: - ‘Oh! Quanta luz, Professor!...
                A essa exclamação afetuosa seguiu-se, com outro sorriso, a resposta resplendente de humildade: ‘É a luz de seus olhos, Chico...
Clóvis Tavares

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1 de novembro de 2010

Benfeitores e Amigos de Novembro

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01 - Desencarnação de Eurípedes Barsanulfo (1918)
02 - Dia de Finados
02 - Nascimento de Maria Francisca Maciel dos Santos (1901)
02 - Nascimento de Ruth Oliveira Monteiro (1929)
03 - Desencarnação de Clarice Franco Pinheiro (1975)
04 - Desencarnação de Prof. Cícero Pereira (1948)
05 - Desencarnação de Achilles Monteiro Neto (1995)
06 - Nascimento de César Lombroso (1835)
06 - Nascimento de Wilson Carvalho (1932)
07 - Desencarnação de Casimiro Cunha (1914)
10 - Nascimento de Amália Domingo Soler (1835)
10 - Desencarnação de Rui Ribeiro dos Santos (1973)
12 - Nascimento de Lizete dos Santos Dias (1936)
13 - Desencarnação de Firmiano Martins Pinto [Dutra] (1964)
14 - Nascimento de Prof. Cícero Pereira (1881)
14 - Nascimento de Zeluska Vasconcelos (1902)
14 - Nascimento de Ruy Barbosa M. Guimarães (1909)
14 - Desencarnação de Pe. Emilly Des Touche (1930)
15 - Nascimento de Martha Barreto Aguiar (1944)
16 - Nascimento de Maria Zenith Pessanha (1926)
17 - Nascimento de Clícia Duncan Navega Dias (1916)
17 - Desencarnação de Antônio da Costa Peixoto (1990)
23 - Nascimento de Amélia Gabrielle Boudet (1795)
24 - Nascimento de Cruz e Souza (1861)
26 - Nascimento de Maria de Lourdes da Silva Nunes (1929)
28 - Nascimento de Romilda Nunes Neto (1944)
30 - Desencarnação de João Amaro de Souza [João Amaral] (2010)
30 - Dia de Santo André
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"A saudade é o metro do AMOR."
 Clóvis Tavares
(Psicografado por Chico Xavier)

27 de outubro de 2010

ESCOLA JESUS CRISTO - 75 ANOS!



 “Salve, Escola de Jesus,
Que ampara os pequeninos,
Que ao mundo concedes luz,
E dás pão aos peregrinos!”
                     (Lucide Nolasco)
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(Foto – Interior do antigo templo da Escola, na década de 40,
durante uma pregação de Clóvis Tavares)
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Templo
 Escola amiga que encerras
Um templo de luz divina,
Teus ofícios de doutrina
São hinos de amor e luz!
As tuas preces são bênçãos
Teu breviário – é a bondade,
Teu altar – a Humanidade,
Teu sacerdote – é Jesus!
Casimiro Cunha
(Psicografado por Chico Xavier)
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Escola Jesus Cristo – Nosso Templo
            Quanta beleza espiritual nestes conceitos! Que lugar mais sagrado que o templo? Que recinto mais silencioso? Que ambiente mais bendito? A Escola Jesus Cristo é, de fato, um templo do Evangelho onde entramos quase sempre com o coração vazio e de onde saímos invariavelmente fortalecidos. Pois, para além de nossos contatos fraternos e carinhosos, é com Jesus que nos encontramos. Para além das palavras que trocamos, é com Ele, nosso Senhor, que secretamente conversamos. E toda vez que adentramos a nossa Escola-Templo nas manhãs abençoadas de domingo ou noutros dias e noutras horas, é Ele que visitamos, é Dele que precisamos, é com Ele e por causa Dele que nos alegramos, é diante Dele que nos envergonhamos.
            Como é bom entrar no Templo, no Templo que é a própria Escola Jesus Cristo! Quantas bênçãos! Quanta responsabilidade! Quanta paz! Quantas necessidades! Quantas coisas aprendidas! Quantos arrependimentos! Quantas oportunidades! Quantas consolações! Quanta verdade!
            Relata o evangelista Marcos: ‘Durante o dia Jesus ensinava no Templo e à tarde saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras. E todo o povo ia de manhã cedo ter com Ele, no Templo, para O ouvir’ (Mc, 21: 37-38).
            Hoje, como ontem, é preciso escutar Jesus no Templo, indo ao Seu encontro bem cedo, para não perder uma sílaba de Sua Sabedoria! A Escola Jesus Cristo, Templo de oração e meditação, nos convida a escutar Jesus bem cedo, antes que, recordando o apelo dos discípulos de Emaús, seja tarde e o dia já decline.
Celso Vicente Mussa Tavares
Fonte: Periódico “Farol”, da Escola Jesus Cristo - outubro de 2010.
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22 de outubro de 2010

Meimei - "Amor Puro"

Toque de Amor
Deixa que a fé em Deus te ilumine a visão para que te reconheças no lugar de servir.
Indubitavelmente, perceberás a série dos desafios que te rodeiam: o lar talvez difícil, entes amados na desvinculação violenta, incompreensões à mostra, ocorrências que se vestem de lágrimas... Entretanto, não te convertas em tuba da aflição.
Tumulto adia em nós a conexão necessária com a Providência Divina.
Ama e auxilia sem alterar-te.
A rosa acabará florescendo no espinheiral.
As estrelas surgirão varando as trevas.
Deus está agindo.
Na construção da felicidade, onde a provação apareça não te lamentes nem reclames.
Dá o teu toque de amor e Deus fará o resto.
Meimei
(Do livro “Amizade”, psicografado por Chico Xavier)
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Um pouco sobre Meimei:
            Seu nome de batismo, aqui na Terra, foi Irmã de Castro. Nasceu a 22 de outubro de 1922, em Mateus Leme-MG. (...) Com cinco anos ficou órfã de pai. Meimei foi, desde de criança, diferente de todos pela sua beleza física e inteligência invulgar. Era alegre, comunicativa, espirituosa, espontânea.
            O convívio com ela, em família, foi para todos uma dádiva do Céu. Cursou com facilidade o curso primário, matriculou-se, depois, na Escola Normal de Itaúna; porém a moléstia que sempre a perseguia desde pequena – nefrite – manifestou-se mais uma vez quando cursava com brilhantismo o 2º Ano Normal. Sendo a primeira aluna da classe, teve que abandonar os estudos. Mas, muito inteligente e ávida de conhecimentos, foi apurando sua cultura através de boa leitura, fonte de burilamento do seu espírito. Onde quer que aparecesse era alvo de admiração de todos.
            Irradiava beleza e encantamento, atraindo a atenção de quem a conhecesse. Ela, no entanto, modesta, não se orgulhava dos dotes que Deus lhe dera. Profundamente caridosa, aproximava-se dos humildes com a esmola que podia oferecer ou uma palavra de carinho e estímulo. Pura, no seu modo simples de ser e proceder, não era dada a conquistas próprias da sua idade, apesar de ser extremamente bela. Pertencia à digna sociedade de Itaúna.
            Algum tempo depois transferiu-se para Belo-Horizonte a fim de arranjar colocação. (...) Foi nessa época que conheceu Arnaldo Rocha, com quem se casou aos 22 janeiros de idade. Viviam um lindo sonho de amor que durou 2 anos apenas, quando adoeceu novamente. Esteve acamada três meses, vítima da pertinaz doença – nefrite crônica. Apesar de todos os esforços e desvelos do esposo, cercada de médicos, veio a falecer no dia 1º de outubro de 1946, em Belo-Horizonte.
            (...) Seu nome Meimei (expressão chinesa que significa “amor puro”) foi lhe dado em vida, carinhosamente, pelo seu esposo.
Ruth de Castro Mattos
(Livro “Palavras do Coração”, psicografado por Chico Xavier)
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Relato de um caso:
            Meimei havia acabado de casar-se na igreja São José, em Belo-Horizonte, quando na porta apareceu um mendigo, maltrapilho, sujo, cheirando mal. Aproximando-se dela, pediu: “Moça. Me dá uma esmola...” Arnaldo Rocha, o marido, puxou-a delicadamente e disse: “Mas agora? Nós estamos terminando de nos casar!” Meimei, porém, aproximou-se do mendigo e explicou: “Moço, eu nada tenho no momento. Nem bolsa eu tenho. A única coisa que lhe posso dar é um beijo.” Abraçou-o e o beijou (Jornal Espírita 1990).