CARTA AOS MEUS PAIS
Meu papai do coração,
Minha Mãezinha querida,
Retornei dos vossos braços
Para a bênção de outra vida.
Agradeço o vosso amor
No berço que o Céu me fez,
Convosco encontrei meu sonho
De ser criança outra vez.
Renasci de vossas preces
Na paz que hoje me alcança,
Bendita a meditação
Que me refez a esperança.
Tenho saudades de tudo
Que compõe o nosso lar,
Saudade de vosso afeto,
Saudade de vosso olhar...
Sinto ainda o vosso colo
Forrado de amor sem fim,
O calor de nossa casa,
Os irmãos junto de mim...
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Agradeço-vos, contente,
O apoio, a vida, o carinho,
As luzes que reacendestes
Clareando-me o caminho!...
A sombra passou... Agora,
Esquecer para servir,
É a senha de que disponho
Para buscar o porvir...
Que paz! Que felicidade!
Afeiçoar-me ao dever,
Abraçar a estrada nova
Em forma de alvorecer!
Seguir à frente rogando
Trabalho nobre e sereno,
Guardar-me grato a Jesus
Pelo dom de ser pequeno!...
Anseio, meus pais queridos,
Astros do meu coração,
Construir as próprias asas
Da grande libertação!...
Jesus vos guarde e abençoe,
Amados paizinhos meus,
Sois para sempre comigo
Dois anjos do amor de Deus!...
Carlinhos.
(Psicografado por Chico Xavier)
(Uberaba, 21 de julho de 1973)
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(Foto - Clóvis Tavares, Carlos Vítor e Hilda Mussa Tavares, em 1957)
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Trecho da carta de Clóvis Tavares ao Dr. Elias Barbosa, que encontra-se publicada no livro "Entre Duas Vidas".
"Campos, 30 de julho de 1973
Meu caro Amigo e Irmão Dr. Elias.
Jesus seja conosco, em plenitude de paz!
(...) Como conversamos na noite de 22 último, o Carlinhos (desencarnado na noite de 10 de fevereiro deste ano), antes de sua reencarnação em nosso lar, pelo lápis de nosso Chico, também produziu alguns poemetos, quais estes, até agora inéditos:
Mensagem
Paizinho meu, se a jornada
É a vida sacrificada,
Continuemos assim.
Apesar dos sofrimentos,
Sigamos de pés sangrentos,
Que Jesus brilha no fim.
E usava o pseudônimo de Lill, de caráter recordativo, como explico no Trinta Anos com Chico Xavier.
Lill reencarnou-se, abrindo os olhos para uma nova romagem terrestre, no dia 3 de março de 1956, Carlos Vítor Mussa Tavares, seu nome. Na intimidade, Carlinhos.
Quase ao completar nove meses de idade, foi vítima de uma queda de um carrinho. Sobreveio febre e por longos meses foi submetido a cuidadoso tratamento, que não impediu uma superveniente hemiplegia. Embora consciente, não mais pôde falar: já pronunciava algumas poucas palavras (papá, mamã..).
Reconhecia-nos a todos, entretanto, e nunca deixou de manifestar aguda sensibilidade ao carinho recebido no lar. Pouco antes de completar 17 anos, inesperadamente, uma parada cardíaca o conduz novamente à Vida Maior. Foi na noite de 10 de fevereiro deste ano.
Em sua mensagem, psicografada por Francisco Cândido Xavier, na reunião pública da noite de 21 de julho de 1973, ele se identifica plenamente, assinalando pequeninos episódios da vida doméstica, pequeninos fatos da intimidade do lar, absolutamente desconhecidos do médium. Sua mensagem é uma fotografia espiritual de nosso ambiente doméstico, onde ele era, qual continua sendo, o centro polarizador de nossa imensa ternura, de um imenso afeto e de constante cuidado e atenção.
(...) A mensagem é toda ela de uma autenticidade absoluta. É uma descrição da intimidade do lar onde ele viveu dezessete anos, legando-nos o exemplo de indefinível amor, de ternura e de humilde resignação. Deixou-nos inesquecível exemplo de estoicismo nas dores dos primeiros meses de tratamento. E durante sua curta peregrinação na Terra, o exemplo de paciência, de carinho e de imenso e intraduzível afeto.
Sua mensagem é retrato fiel de sua alma delicada e bondosa, imensamente rica de humildade e ternura.
Só no dia seguinte à recepção do comovente poema, pude dizer ao nosso querido Chico da absoluta exatidão de todas as referências e particularidades do texto mediúnico. É mais uma prova a acrescentar-se às centenas de outras, do imenso amor que os nossos afetos espirituais nos dedicam, além de significar irrefutável testemunho da imortalidade da alma e da mediunidade de nosso querido Chico.
Caríssimo Dr. Elias: pode usar em seu livro o que quiser do relato que lhe ofereço.
E receba, com os agradecimentos de meus familiares e nossas recomendações a todos os seus, o coração reconhecido de seu menor irmão e servidor em Jesus,
Clovis Tavares."
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