A Escola Jesus Cristo é uma instituição espírita fundada por Clóvis Tavares, sob inspiração espiritual de Nina Arueira, em 27/10/1935. Inicialmente denominava-se Escola Infantil Jesus Cristo, pois destinava-se a evangelização de crianças sob a luz da doutrina espírita, funcionando em pequena sala da casinha de D. Didi (mãe de Nina Arueira) aos domingos pela manhã, na antiga rua do Mafra; com a frequência de jovens e adultos, as aulas esclarecedoras do jovem Clóvis, a instituição perdeu o adjetivo, passando a denominar-se Escola Jesus Cristo - Instituição Espírita de Cultura e Caridade. O aumento do número de seus frequentadores levou a necessidade de mudar de local e, em 27 de outubro de 1939, no seu quarto aniversário, passa a funcionar em sua sede própria, adquirida pelo seu fundador com auxílio de amigos, na rua dos Goitacazes, 177 – Lapa, Campos dos Goytacazes/RJ. Atualmente, a instituição, funciona diariamente, com serviços de auxílio ao próximo e de aulas e pregações evangélicas e doutrinárias, descritos abaixo, em postagem do dia 30/08/2010.

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12 de julho de 2011

O Poeta das Chagas Redentoras

Cântico de Graças

Graças à dor, a estrada escura e incerta
Que eu trilhava na vida transitória,
Transformou-se em beleza, sonho e glória
No milagre de luz da chaga aberta.

Venturosa a oração triste e deserta,
Que alimentei na sombra merencória,
Guardando em mim a lodacenta escória
Que a lepra salvadora nos oferta.

O sofrimento  que lacera e oprime,
Em toda a Terra é lâmpada sublime
Que de bênçãos e júbilos se veste.

Glória à Divina Dor que nos garante
A  pureza da túnica brilhante
No banquete de amor do Lar Celeste.
Jésus Gonçalves
(Psicografado por Chico Xavier em 22/07/1949)
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Biografia:
            Jésus Gonçalves nasceu no dia 12 de julho do ano de 1902, em Borebi, interior de São Paulo. E logo, aos três anos de idade, sua mãe desencarna por conta de um tumor no intestino. A maior parte de sua infância, ele passa em Agudos - pequena cidade próxima à Borebi -, tutelado pelo tio.
            Com quatorze anos ele volta, com sua família, para a sua cidade natal, onde começa trabalhar temporariamente na Fazenda Boa vista, como cultor e beneficiador, ora de algodão, ora de café. Foi nessa época também que ele tem uma pequena iniciação na música e começa tocar um velho "baixo de sopro". Assim ele forma uma pequena banda, com o nome de "Bandinha de Borebi".
            Seu espírito de liderança e sua personalidade marcante, fazem-no ficar conhecido no vilarejo. Aos 17 anos muda-se para Bauru, onde freqüenta um colégio - Colégio São José - por algum tempo, não o suficiente para conseguir o diploma do ginásio.
            Trabalhando como Tesoureiro da Prefeitura, já com seus 20 anos, Jésus casa-se com Dona Theodomira de Oliveira, viúva com duas filhas. 8 anos depois, em 1930, ela desencarna por causa de uma tuberculose, deixando-o sozinho, cuidando de seis filhos.
            Nessa época ele, além de trabalhar na prefeitura, Jésus participa da "Jazz Band de Bauru" tocando clarinete. Ainda nas artes, ele também atuava e dirigia peças de teatro, de autoria própria, nos teatros locais. Paralelamente a essas atividades, Jésus colabora com os jornais "Correio da Noroeste" e "Correio de Bauru".
            Algum tempo após o desencarne de Theodomira, surge uma companheira: Anita Vilela, sua vizinha, que lhe ajudava a cuidar do lar. Casaram-se, uma união que duraria 12 anos, até o desencarne de Anita.
            Vem então a grande provação na sua vida: aos 27 anos é acometido pela Hanseníase, popularmente a lepra. Ele não compreenderia naquele momento, mas era cobrado dele um tributo por reencarnações passadas. Jésus, ateu e inconformado, busca dominar a dor no seu coração e as rudes condições que recaem sobre um leproso: a rejeição e o abandono da sociedade. É obrigado a entregar as filhas do primeiro casamento à tutela de parentes e parar suas atividades profissionais que preenchiam sua alma inquieta e sequiosa de trabalho.
            Jésus se afasta da sociedade, como era determinado pelas normas médicas em vigor na época. Em agosto de 1933, ele é recolhido pelo Serviço Sanitário e é internado no Asilo-Colônia Aymorés, recém inaugurado em Bauru. Por esperar por esse momento, Jésus não apresenta resistência para a internação. E apesar da reação resignada e de conformismo, é nessa época que ele se questiona sobre Deus: "Onde estava o Deus de que tanto se falava?" e entra num momento de revolta íntima.
            Na Colônia Aymorés, em Bauru, onde fica de 1933 a 1937, Jésus mostrava-se mais resignado com a convivência com os semelhantes e irmãos na dor, e é chamado de "mestre" por sua imensa disposição e capacidade de trabalho. Num curto espaço de tempo, internado no asilo, Jésus consegue várias amizades sinceras.
            Apesar da revolta e das frustrações, ele nunca se deixou levar à ociosidade e ao desânimo. Participa da criação de um pequeno jornal interno do asilo: "O Momento"; escreve e participa de peças teatrais; ajuda na criação do "Jazz Band de Aymorés"; e participa da equipe de futebol.
            Em setembro de 1937, devido a problemas hepáticos e fortes dores,  é internado no Hospital de Pirapitinguí em Itú para receber assistência médica. Em Pirapintinguí, Jésus logo se revela o mesmo indivíduo de destaque, um líder natural entre os internos, conquistando logo admiração e o respeito pelo seu caráter reto e íntegro e pela sua capacidade de realização e trabalho.             Funda a "Jazz Band ", a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e um jornal interno, o "Nosso Jornal".
            Com o avanço da doença, tomando-lhe o corpo, os medicamentos vão tornando-se inoperosos. A dor, a angústia e a solidão o levam a buscar Deus, mas ele O nega ainda. Ninita, uma amiga do hospital a quem posteriormente se uniria em matrimônio, era estudiosa da Doutrina Espírita e tentava inutilmente esclarecer a mente materialista do ateu Jésus. Em 1943 Anita desencarnou, e no velório da mesma aconteceram diversos acontecimentos mediúnicos de clarividência de alguns colegas seus e finalmente Anita passou uma mensagem para ele de uma forma bastante íntima onde Jésus não teve dúvidas da veracidade das informações: "Velho, não duvides mais, Deus existe!".
            Extremamente materialista ainda, mas bastante impressionado, buscou nos livros Espíritas as explicações para o contato. O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, foi o marco inicial da grande transformação que ocorreria em seu ser.
            Sua conversão definitiva ocorreu certo dia em que suas dores no fígado se apresentavam bem mais fortes que de costume. Os remédios não surtiam efeito e resolveu então chamar por aquele "Deus" no qual ainda não acreditava: retirou um copo de água da talha, colocou-o na mesa da cozinha, e desafiou: – Se Deus existe mesmo, dou cinco minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie a dor!
            Quando bebeu a água sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. Após dois minutos nada mais sentia, e ficou ao mesmo tempo agradecido e espantado. Reexamina então as suas bases materialistas e nos dias seguintes, já com suficientes provas e chamamentos, pôs-se a buscar nos estudos de obras espíritas as respostas que sempre procurou.
            A Doutrina Espírita saciou-lhe a sede de explicações, fez-lhe beber nas fontes da lógica e do bom senso, a água límpida da Verdade. Buscou elucidar seus companheiros e irmãos na dor com a noção de Justiça Divina e submissão a dor, e como sempre, tudo fazia junto aos internos para melhoria da vida comunitária no Hospital. Nesta época, rejeitou o apelido "mestre", pelo qual era chamado desde Aymorés, devido a sua reconhecida superioridade intelectual e temperamento de líder.
            Dedicou-se então, com o mesmo empenho que lhe era característico da alma, a construção e edificação de um centro espírita em Pirapitinguí. Devido a falta de recursos, buscou ajuda junto às comunidades espíritas para a construção do centro e estabeleceu um elo de ligação sem precedentes entre os leprosos e a sociedade. Sua iniciativa desperta os companheiros de Doutrina em diversas localidades, Diversas caravanas Espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos. Estas caravanas pioneiras abriram novas frentes de trabalho, não só aos praticantes da Doutrina, mas incentivando também outras religiões em iniciativas semelhantes.
            Fundou em 1945 a "Sociedade Espírita Santo Agostinho". Jésus participou ativamente das atividades do "Santo Agostinho", sempre movimentadas por um espírito de ação e dedicação sinceras: distribuição de sopa aos mais necessitados do Hospital, palestras de estudos e elucidação dos companheiros, orientação espiritual, sessões de desobsessão.
            A doença, já em estado bastante evoluído, tirava os movimentos de Jésus, tomando-lhe a capacidade de trabalhar e de estar fisicamente nas atividades do "Santo Agostinho", que tanto lhe preencheram a alma nesta fase da sua vida. Porém tudo fez para não se afastar do trabalho, e construiu uma casinha nos fundos do centro.
            Vinte dias antes de desencarnar, um fato marcou profundamente Pirapitinguí e o coração dos espíritas: com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo, e também as cordas vocais, foi à sessão espírita e para a surpresa das 300 pessoas presentes, os Mentores da Casa devolveram-lhe a voz e aí fez uma preleção de quase 2 horas de elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da preleção Jésus simplesmente perdeu novamente a voz. Na semana seguinte, o fenômeno se repetiria pela última vez.
            Ele sofreu muito nos últimos dias, o seu corpo estava completamente deformado pela doença, seu rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar. Apesar das tentativas médicas, e lentamente desligava-se do corpo físico. E sua alma então libertava-se de sua existência árdua e espinhosa, mas sobretudo, purificadora. Em 16 de fevereiro de 1947 desencarna Jésus Gonçalves, o Apóstolo de Pirapitinguí, o Poeta das Chagas Redentoras. Jesus Gonçalves, depois de desencarnado, pediu que lhe chamassem Jésus, pois achava-se indigno de usar o mesmo nome de Jesus.
Fonte - http://www.jesusgoncalves.org.br/biografia.htm
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